Faz alguns anos, começou na sociedade civil e também na Igreja uma questão que tem gerado conflitos e confusões. A pergunta é esta: o homossexualismo, como atração sexual exclusiva ou predominante que homens e mulheres sentem para pessoas do mesmo sexo, é uma atitude aceitável, tolerável ou abominável? Para responder corretamente a esta pergunta, faz-se necessário distinguir três situações distintas: 1º) o homossexualismo como tendência, 2º) a sua prática e 3º) a pessoa humana portadora dessa tendência, seja ela praticante ou não. O homossexualismo como tendência Para a primeira questão, consideremos, como o faz o Catecismo da Igreja Católica (cf. n. 2357 e 2358), que a tendência homossexual – profundamente radicada em não poucas pessoas e cuja gênese psíquica é difícil de se explicar -, é uma propensão objetivamente desordenada que, embora não seja em si mesma um pecado, inclina a pessoa para um comportamento intrinsecamente mau do ponto de vista moral, além de produzir muitos sofrimentos em quem a carrega. Querendo de alguma maneira explicar a sua origem, o Papa Francisco a chama de “ferida social”. Porque, de fato, na grande maioria dos casos, essa tendência surge por causa de situações anômalas com as quais se deparam as crianças e adolescentes em formação. Por exemplo, pais ausentes na educação e que se omitem em dar afeto aos filhos, brigas frequentes entre os pais, pais separados, que abandonam os filhos, pais severos demais, pai que trata com violência a mãe, amizades inadequadas, ambientes sociais (virtuais ou reais) e escolares permissivos, etc. Geralmente, a maioria das pessoas com tendências homossexuais, que procuram viver uma vida casta, não tornam pública a sua tendência sexual e sabem unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2358). A prática do homossexualismo Mas e quanto a quem se deixa levar por essa tendência e acaba praticando a homossexualidade? Sobre isso, a doutrina da Igreja é clara: “Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves (cf. Gn 19, 1-29; Rm 1, 24-27; 1 Cor 6, 9-10; 1 Tm 1, 10.), a Tradição sempre declarou que os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados. São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados”. “Como acontece com qualquer outra desordem moral, a atividade homossexual impede a auto realização e a felicidade, porque é contrária à sabedoria criadora de Deus” (Documento da Congregação para a Doutrina da Fé). A pessoa homossexual Aqui chegamos no ponto crucial da nossa análise: como tratar uma pessoa homossexual? Para quem aceita a atitude homossexual, não há que dizer nada, porque tal pessoa tratará alguém com essa tendência ou com essa prática como se fosse uma pessoa normal, nem pecadora e nem doente. Mas, e para quem a rejeita como contrária à natureza e, portanto, contra a moralidade humana? Então, a este recomendamos que aspire identificar-se com a atitude de Nosso Senhor Jesus Cristo, que não rejeitou ninguém. Ele mesmo disse que não viera para curar os são, mas os pecadores, e que não iria condenar ninguém. Sua missão era a de salvar a todos. Por isso curou a tantos doentes e deu o seu perdão a tantos homens e mulheres que tinham comportamentos contrários à lei estabelecida pelo seu Pai para a humanidade. Acolheu no seu coração prostitutas, adúlteras, corruptos, desonestos, etc. E. por fim, morreu na Cruz, realizando a redenção da humanidade. E é esse o rumo que o Papa Francisco tem seguido na relação com os homossexuais. Já vimos o que a Igreja diz sobre a moralidade desses atos. E ele mesmo disse que está de acordo com isso. Agora, o que nos importa é olhar para o que ele nos ensina sobre o como tratar essas pessoas. Numa Entrevista que concedeu ao Pe. Antonio Spadaro na Casa Santa Marta, no dia 19 de Agosto de 2013, ele afirmou que é nosso dever “anunciar o Evangelho em todos os caminhos, pregando a boa nova do Reino e curando, também com a nossa pregação, todo o tipo de doença e de ferida”. Também afirmou que ninguém pode julgar os outros por suas atitudes e que ninguém pode ingerir-se nas suas vidas pessoais. É necessário sempre considerar a pessoa como feita à imagem e semelhança de Deus, chamada à glória. Por tanto, as pessoas que sofrem dessa tendência, mas que não se deixam levar por ela, como as que praticam a homossexualidade por fraqueza ou porque acham que é correto, e até mesmo propagandeiam a sua ação com orgulho, devem ser acolhidas com respeito, compaixão e delicadeza, além de estimula-las à serem castas. Evitaremos, assim, qualquer tipo de rejeição, discriminação ou condenação, porque Deus não o faz (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 2358). Por isso, “é de se deplorar firmemente que as pessoas homossexuais tenham sido e sejam ainda hoje objeto de expressões malévolas e de ações violentas. Semelhantes comportamentos merecem a condenação dos Pastores da Igreja, onde quer que aconteçam. Eles revelam uma falta de respeito pelos outros, que fere os princípios elementares sobre os quais se alicerça uma sadia convivência civil. A dignidade própria de cada pessoa deve ser respeitada sempre, nas palavras, nas ações e nas legislações (Documento da Congregação para a Doutrina da Fé). Não seria necessário dizer que todos os que ainda estamos na terra, como peregrinos rumo à casa do Pai, precisamos do alimento da Palavra divina e dos Sacramentos, especialmente da Eucaristia e da Reconciliação. E isso toca a todos oferecer-nos uns aos outros.
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