A Misericórdia divina pode superar a sua Justiça, mas não violá-la, do contrário seria injusta; cairia na condenação bíblica: “Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em trevas, que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce!” (Is 5,20).
A misericórdia, portanto, não é uma dispensa dos Mandamentos de Deus e das leis da Igreja. Ela procede do amor. E sabemos que não existe amor sem justiça e sem verdade. São Paulo diz que amor verdadeiro é a aquele que realiza as obras da Lei (cfr. Gl 5, 13-18). Com efeito, todo Mandamento de Deus, até o mais severo, tem o rosto do amor divino, do amor misericordioso. A Igreja não pode se comportar como um charlatão que ilude os que sofrem oferecendo-lhes poções que não fazem sentir a dor, mas camuflam a doença e a agravam. A Igreja deve agir como o bom samaritano - figura de Cristo -, como um médico sábio que visa curar os doentes e feridos espirituais com medicamentos eficazes, embora dolorosos e amargos, para libertá-los do mal e poupá-los de recaídas. Um médico honesto também não oculta aos doentes a gravidade de sua situação, nem lhes isenta de responsabilidade em pôr os meios para se curarem, ao mesmo tempo que põe todos os cuidados para fechar-lhes as feridas, sempre levando em consideração a sua vulnerabilidade. Mas não pode ser fracamente condescende com o doente que sofre por causa de uma terapia dolorosa e nem com a susceptibilidade de quem se recusa a ser curado. Regra de ouro foi a dada pelo Beato Papa Paulo VI: “Não minimizar em nada a doutrina salutar de Cristo é forma de caridade eminente para com as almas. Mas, isso deve andar sempre acompanhado também de paciência e de bondade, de que o mesmo Senhor deu o exemplo, ao tratar com os homens. Tendo vindo para salvar e não para julgar, Ele foi intransigente com o mal, mas misericordioso para com os homens” (Beato Papa Paulo VI, Carta Encíclica Humane vitae, n. 29). Em todo caso, é melhor sempre prevenir do que remediar. Por isso, a preparação remota ao casamento seria o meio mais adequado para se evitar uniões maus sucedidas e, até mesmo, uniões que nunca deveriam ter ocorrido, pelo menos não no momento em que ocorreram, por que faltou nos contraentes uma noção mais clara do que é o matrimonio. Os jovens são muito mais abertos para falar sobre a virtude da castidade do que se possa imaginar. Além disso, haja visto o modo inadequado com que se ensinam às crianças nas escolas a se iniciarem na vida sexual, respaldado por uma imposição legal, se faz mais necessário que os pais cristãos, ajudados por catequistas e formadores bem preparados na Igreja, instruam quanto antes os seus filhos nesse campo.
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AutorPadre Ricardo Leão. ArquivosCategorias |